14 de jul. de 2012

Arte de apreciar ou Por que gostamos de decoração?


Minha amiga me mandou uma foto essa semana, rindo do marido que etiquetou os porquinhos da decoração. Ele é prático, racional. Ela é sentimento... 

Quando vi a imagem me veio a ideia desse post: o que nos leva a gostar de decoração e o que nos faz percebê-la? 

Outras perguntas me surgem: porque aquela mesa pé palito passou tão desapercebida durante muito tempo em minha vida e, agora, quando a vejo, suspiro? Por que um livro sobre uma mesa parece torto para alguns e estiloso para outros? Por que um móvel de madeira de demolição é só mais um móvel mal acabado para algum sujeito e um sonho de consumo para outros? Por que o porquinho prateado é um enfeite para a minha amiga e, ao mesmo tempo, para o marido dela é só o lugar de organizar as moedas?

Eu poderia ficar fazendo mil perguntas, se mil respostas eu tivesse. Acredito, sinceramente, que decoração, assim como a arte e tudo o que gira em torno dela, é sensibilidade! E isso não significa dizer que o marido da minha amiga é insensível. Ao contrário: ele só não tem o sentimento voltado para isso. Ele pode focar sua sensibilidade para um monte de outras coisas em sua vida... Mas, para ele, tanto faz o sofá azul ou cor de rosa, mesmo que a segunda cor lhe cause algum constrangimento nos primeiros cinco minutos. Depois vira rotina, esquece...

Pessoas assim, TALVEZ!,  não saibam o que é sofrer com a porta mal pintada, o que é ter preguiça de abrir o armário por conta de um puxador horroroso (do tempo do Onça), o que é olhar para foto e não se interessar por ela devido ao porta-retrato cafona...

Talvez sejam mais felizes por serem menos detalhistas. É isso mesmo: o que nos faz perceber a decoração, a beleza de uma arquitetura é, de fato, a nossa mania de detalhe. A pastilha torta que mata, a bunda virada do elefante, a pintura se esfacelando, a etiqueta de fita crepe no objeto de decoração, o quadro simétrico demais ou assimétrico, sem cuidado, a tinta que era para ter o resultado x e teve o y... É isso que nos tira o sono, que nos mata de raiva e que, quando é o contrário, nos enche os olhos...